1961 - Em Uma Mulher é Uma Mulher (Une femme est une femme), Jean-Luc Godard empodera a figura feminina e chama todos os holofotes para Anna Karina, sua atriz-musa. Não pelas questões sexuais, mas pela capacidade intelectual, Angela (Karina) controla seus dois pretendentes (Jean-Paul Belmondo e Jean-Pierre Léaud) e os mantém focados na sua figura. Ela canta, dança, esbanja carisma em uma das maiores atuações femininas que eu já assisti. Godard joga seus personagens para o ar, à própria sorte, em um mundo onde a música liberta e os sonhos são realizáveis. É um filme considerado como inclassificável pela crítica. É uma homenagem aos musicais clássicos, aos romances escritos em um contexto histórico de batalha dos sexos. Na URSS, as mulheres chegaram a serem desafiadas: elas deveriam engravidar para manter a posição de mães e esposas. Caso não obedecessem, seriam demitidas de seus empregos. Godard realiza uma áspera crítica à essa absurda realidade. Ser fêmea e ter um útero era considerado um crime, uma ameaça contra as normas convencionais. Anna Karina encarna essa complexa personagem e enfrenta seus algozes com grande naturalidade, mantendo seus lindos olhos abertos e altivos. Afinal, ela é UMA MULHER! E tem muito ORGULHO disso.
1963 - Godard desfere uma dura crítica ao mundo do cinema em O Desprezo. Brigitte Bardot exala sexualidade como Camille. Ela é a esposa de Jeremy (Jack Palance), um roteirista contratado para realizar uma nova versão de A Odisseia (clássico do poeta Homero). A dissolução do casal é uma bela forma do diretor mostrar a inevitável influência da carreira sobre a vida pessoal. As exigências da produção simplesmente impossibilitam a realização do projeto, fato que muitas vezes assombra cineastas que não gozam de muito prestígio longe de Hollywood. A ideia de que a mulher deslumbrante e com corpo impecável servirá ao homem intelectual e poderoso, formando o casal perfeito, é rechaçada pelo gênio da Nouvelle Vague. Camille passa a desprezar seu marido pela falta de atenção por parte do marido e pela carência de carinhos. Era a mulher assumindo uma posição diferente e tomando decisões que iam na contra-mão das exigências do cinema e da sociedade convencional. Godard sempre lutou incessantemente contra essas normas, o que o coloca em um patamar de superioridade intelectual e ideológica. Abaixo, trechos do filme:
1966 - Em Masculino-Feminino, Godard retrata a "Geração Coca-Cola", pessoas ligadas à política e às reformas sociais da década de 1960, mas de forma superficial, sem um engajamento real e eficaz. Mais preocupadas com a carreira do que com a sociedade, mais interessadas no individual do que no coletivo, as pessoas ingressam em uma vida hedonista, na qual realizam sonhos relativos e não conseguem interferir no mundo que as cerca. Em tom documental, o diretor apresenta uma juventude irresponsável, simpática ao estilo de vida americano, consumista. Abaixo, uma das cenas mais representativas do filme, a entrevista com a 'Miss 19 anos', a típica francesa da década de 1960
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