As PESSOAS vivem fazendo
grandes planos para o futuro e esquecem do passado.
As PESSOAS mudam de filme
preferido todos os anos.
As PESSOAS preferem as
músicas de sua época.
As
PESSOAS vão ao show da Paula Fernandes.
As
PESSOAS ficam horas na fila para ver o Justin Bieber fazer playback.
As
PESSOAS odeiam a Geni, jogam bosta nela, a bajulam quando precisam dela e
depois votam a jogar bosta, sem nenhuma gratidão.
As
PESSOAS não sabem valorizar os feitos umas das outras. Não existem méritos,
somente obrigações.
As
PESSOAS são falsas, falam pelas costas ou são sinceras demais, ao ponto de
falar xingando e gritando a todo o momento e de não aceitar as opiniões
diferentes das suas.
As
PESSOAS fazem festa, conversam entre si, trocam telefones e conhecem alguém
novo a cada fim de semana.
As PESSOAS
lutam pelo poder, se transformam em poderosos de coisa nenhuma e depois passam
a pensar que são donas do mundo e que todos os outros estão na Terra às suas
ordens.
As
PESSOAS bonitas e ricas se julgam deusas intocáveis, absolutas.
As
PESSOAS pobres têm pena de si mesmo, não fazem nada para mudar e colocam a
culpa em Deus ou na Dilma.
As
PESSOAS acabam o ensino médio e vão para a faculdade com 17 anos, sem pensar
porque nem para que. Simplesmente porque a mãe mandou ou porque o filho do
amigo do pai disse que é legal.
As PESSOAS torcem
pelo time do pai e torcem contra o rival do time do pai, só por um costume
imbecil, uma cultura débil mental.
As PESSOAS
não estudam na escola porque é feio ser CDF.
As PESSOAS,
quando estudam, o fazem para entrar na faculdade, no curso que o pai mandou.
As PESSOAS
são medíocres, mesquinhas.
As PESSOAS
usam calça justa quando a moda determina.
As PESSOAS
escutam rock porque usam all star ou usam all star porque escutam rock?
As PESSOAS
baixam a discografia completa e nem se preocupam em saber o ano, o contexto do
disco. O que estava acontecendo com o artista, porque ele disse aquilo?
As PESSOAS
não têm mais ídolos e, quando tem, não são seus, mas de uma maioria, que é
direcionada por um sistema selvagem, frio, sem sentido e decepcionante. Aliás,
cadê o Luan Santana?
As PESSOAS
assistem futebol bebendo e criticando aquele jogador que já fez muito pelo time.
As PESSOAS
não respeitam, gritam, são autoritárias, humilham umas as outras sem piedade,
“pisam na cabeça” em troca de fama e dinheiro.
As PESSOAS
ligam a televisão e acreditam em tudo que ouvem.
As PESSOAS compram
em dez vezes.
As PESSOAS
matam por um boné.
As PESSOAS
recebem as passagens antecipadas no novo emprego e preferem sumir com os 40
reais a tentar fazer uma carreira.
As PESSOAS
transam em troca de um vale transporte.
As PESSOAS
preferem não ter dentes a cuidar deles.
As PESSOAS
dormem suadas.
As PESSOAS
preferem filmes com informações prontas a filmes que exigem raciocínio para
compreensão.
As PESSOAS
esperam um fim nos filmes, estilo novela das oito. O fulaninho acabou com a fulaninha,
a vilã morreu em uma explosão.
As PESSOAS
preferem trabalhar a estudar.
As PESSOAS
votam no candidato mais bonito, no que fala melhor, no que aparece mais no
Jornal Nacional, no que a Fátima Bernardes entrevista. Usam todos os critérios,
menos o certo.
“Não quero
ser como vocês, eu não preciso mais”.
PESSOAS me
provocam nojo, medo, raiva, revolta, pena e desprezo. Eu sou um animal, um
animal contido, ou seja, um neurótico. Um louco, por opção lúcida e consciente,
com muito orgulho e prazer. E sem vergonha de dizer.
“Se o mundo
é, mesmo, parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito”.
2 comentários:
É melhor não ser ninguém , ironicamente isso não me torna um ser inanimado.
Lucas, vc é genial!Seus textos me provocam riso, surpresa, e admiração. Só um adendo - As pessoas ricas e bonitas precisam do Doctor Hollywood e muitos bajuladores... grande abraço.
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