quinta-feira, 10 de maio de 2012

A fabricação da realidade, que por ser fabricada, não é realidade

A realidade é fabricada por vários aspectos. Cada pessoa, com sua subjetividade, cria sua própria e ajuda a criar a daqueles com os quais convive.
Questiono muito é a realidade geral, as convenções, os acordos tácitos da sociedade, o considerado normal por todas AS PESSOAS.
Mas vou tentar discutir aqui como se formou essa realidade, quem deu ao “bolo” o seu nome. E o cake? Objetivo refletir sobre o fenômeno que ocorre na nossa mente quando ouvimos a palavra “bolo”. O que imaginamos? (não siga a leitura antes de tentar lembrar que jeito era o bolo que você imaginou). De onde vem esse bolo? Se cada um pode imagiar um bolo diferente, a realidade não existe. Se ela não existe em discussões supérfluas como essa, porque um fato ou uma verdade vão ter uma versão só? Se a realidade não existe de forma absoluta, quem somos nós? Enquanto você está lendo, lembra de mim como? Imagina eu escrevendo em que situação? Em que tipo de computador? Com que roupa? Ok, cada pessoa vai imaginar de um jeito, então qual desses que eu sou? Eu não sou nada. Isso tudo é apenas mais uma forma de ver a frase do meu grande ídolo:
Não existe o céu e nem a terra, mas mãos que tocam a terra e olhos que veem o sol”, Arthur Schopenhauer.
Ele nos diz que, por exemplo, a mata mais remota do planeta, que nunca foi habitada e nem visitada por um ser humano, ainda não existe, visto que não faz diferença o que está lá, se não for tocado, manipulado por um homem. É o mundo como vontade e representação, como eu desejo ver o sol e como eu quero que ele seja. Esse “quero” não é consciente, ele é totalmente subjetivo e sútil, mas essa é outra discussão bem importante que não vem ao caso.
O que fica decidido a partir de agora é que a realidade não existe e, consequentemente, a verdade também não, por isso ninguém tem razão nunca e, dessa forma, todas discussões podem ser excluídas de todas as vidas. Eu tenho a minha razão. Se eu quiser chamar de “mesa” o que determimou-se chamar de “computador”, posso ficar à vontade.

A linguagem é fascista, autoritária”.

O Kaspar Hauser e a aula de teorias da comunicação me enlouqueceram.


O Enigma de Kaspar Hauser, Herzog. Alemanha, 1974


Um comentário:

Marcela disse...

A linguagem é arbitrária? Sim! Mas mais do que isso, é comunicação, e sendo comunicação, acaba sendo também liberdade, porque veja bem, existem várias formas de linguagem, mas você se referiu a uma delas, talvez a mais arbitrária.

Cada um tem o direito de criar a sua própria realidade. Uma mistura de loucura e autismo opcional pode salvar muitas pessoas do que elas pensam ser realidade. Quem disse que o domingo é um dia de descanso? Pra mim é um dia triste. Talvez na realidade (sim, essa mesma que não existe) ele é só mais um dia qualquer.

Por isso eu gosto da ficção, da música, das máscaras... de tudo o que possa me afastar da (minha) realidade, porque quanto mais eu a percebo e reflito sobre ela, mais sem sentido parece essa coisa que resolveram chamar de vida.

Belo texto, e uma reflexão bem maluca.
Bjs.