Ele a conheceu.
Ela o conheceu.
Ela até simpatizou com ele.
Ele a achou linda.
Ele tinha medo de tanta beleza.
Ela agia naturalmente.
Ele a queria.
Ela queria um rockstar.
Ele a convidou para sair depois de
pensar mil vezes.
Ela nem precisou pensar antes de não
aceitar.
Ele tinha pés no chão.
Ela era incrivelmente indecisa.
Ele é inseguro.
Ela, misteriosa e espontânea.
Ele disse te quero.
Ela não disse nada.
Ele pediu desculpas por ter sido
homem.
Ela aceitou as desculpas.
Ela significava muito para ele.
Ele era somente mais um amigo dela.
Agora, Ele não diz mais nada.
Ela não move os lábios, mas segue
dizendo “não” através dos seus olhos, que, segundo Ele, são os mais lindos do
mundo.
Segunda Possibilidade
Quando Ele desperta pela manhã, antes
de pensar que gostaria que Ela estivesse acordando ao lado dele, tenta imaginar
como Ela passou a noite, se esteve bem aquecida e confortável durante seu sono.
Enquanto Ele se arruma para sair pela
manhã, além de querer encontrá-la, pergunta-se se o café dela está quente
naquele momento.
Durante a viagem, no ônibus, angustia-se
ao pensar que talvez Ela ainda esteja esperando na parada, há quilômetros dali,
passando frio enquanto seus lindos cabelos longos são levados de um lado para o
outro pelo vento.
Ele vê várias pessoas bonitas, mas
nenhuma com o estilo, com a magia e com o brilho que se juntam à beleza dela,
transformando-a em uma mulher insuperável.
Na hora do almoço, a mente dele ainda não
esquece que está longe dela, pois a cada garfada que Ele leva à boca, torce
para que Ela também esteja se alimentando bem e, dessa forma, Ela segue
“presente” o tempo todo de forma emocionante no dia dele.
Segue o dia e a dúvida de onde Ela
está naquele momento incomoda Ele profundamente.
Ela está ali ao lado dele pensando que
está vendo Ele pela primeira vez no dia, mas Ela nem sequer imagina que
acompanhou Ele desde o primeiro suspiro dele pela manhã.
Ele diz “boa noite”, mas não ouve
resposta.
Ela não está lá.
O desespero de alguns segundos é
substituído pela eterna angústia de saber se ela está bem.
Terceira possibilidade
Essa última possibilidade talvez
pareça estranha, mas é a mais aceitável e compreensível.
Aqui, eles não se conhecem.
O belo rosto dela não existe. É
simplesmente tudo que ele espera da vida. Mas como já discutimos aqui, a vida é
decepcionante, logo, “tudo que ele espera da vida” nunca vai acontecer.
Finalmente, concluímos que se ela é tudo que ele espera da vida e que isso
nunca vai acontecer, ela não existe, uma vez que aquilo que nunca vai acontecer
não existe nem nunca vai existir.
Ela é a imagem que ele criou de uma
pessoa que preenche todas as faltas dele, mas a relação dos sonhos nunca foi
vivida por ninguém.
Ele fica sentado na frente da casa
pensando nela.
Ele vê uma esperança e pensa em todas
as palavras que poderia ter dito para ela na primeira vez que ficou com vontade
de tocar no rosto dela.
Ele vive pensando.
Ela vive.
Questionável é a atitude contraditória
dele, de ter preenchido através de uma rede social os dados de cadastramento na
lista de trouxas, não à mão, como ele tanto defende que todos façam.
Depois de tantas possibilidades
levantadas, chegamos à mesma triste e
dura, mas óbvia, conclusão; o amor não existe. Claro que ele se manifesta
perigosamente belo nos livros, nas músicas, nos filmes e nas mentes fracas, que acabam sendo
facilmente enganadas por uma patética esperança de “felicidade” e satisfação
física e espiritual.
Eis mais um argumento poderoso na
grande discussão sobre esse sentimento que só existe, de fato, entre amigos,
parentes, pais, mães e filhos. Nunca entre duas pessoas que só querem sexo e
realização pessoal em uma relação.
Em um próximo momento, Schopenhauer
voltará a me apoiar nessa grande guerra contra esse engano eterno.
Um comentário:
Isso tudo porque as pessoas, inclusive a que redige este blog, confundem amor com paixão.
Mas na hora da paixão tudo parece amor, e o ser humano nunca saberá diferenciar. Talvez por isso PAREÇA que o amor não existe.
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