Eu sou eu.
Jamais me compare a ninguém.
Nunca me chame de alguém.
Não tente me encaixar.
Eu sou eu. Conhece?
Eu sinto sozinho
e sofro com orgulho
Eu penso
por mim mesmo
Eu sou aquele que...
Eu vivo rodeado de "pessoas"
Eu ouço as vozes
Eu tenho vida própria.
Não me classifique como homem.
Nem como pessoa.
Não sou "um filho"
nem um "sobrinho
nem um "pai"
nem um avô
muito menos um "vizinho"
Não sou filha
sobrinha
prima
avó
nem sua amiga doce, linda e querida
Eu não sou "o jornalista Lucas"
Nunca serei.
Pois eu estou aqui
na sua frente
E tenho nome completo.
Não me chame de "estudante de jornalismo"
Nunca se refira a mim como "um amigo meu"
Não ouse me chamar de "gente".
pois meu nome é Lucas Vidal Domingues.
Prazer.
Eu sou eu.
Eu sou você
Eu sou a humanidade
e o homem das cavernas sou eu
Todos com as mesmas angústias,
morrendo abraçados envoltos por sangue, dor e terror
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Reflexões para o dia do aniversário
Minha condição de trabalho atual não é tão favorável. Adoro
a noite, mas a troquei por dez notinhas verdinhas e pelo início da realização
de um sonho profissional. Não costumo errar nesse tipo de escolha. Serei
recompensado, mas estou bancando o infeliz, do tipo que muito pensa no futuro e
ignora o presente. Me seguro diante das tentações. Só tomo refrigerante nos
finais de semana, andei recusando algumas festas e fazendo pouco caso das
minhas antes sagradas noites de sábado.
Nesse momento, durmo até às três e meia da tarde
para me esconder da vida. Brinco
de ser gente normal, sendo que se uma criança visse meu interior sentiria mais
medo do que diante de qualquer filme de suspense. As dúvidas eternas e o “velho
sonho que vai dar sempre onde começou”, como disse Raulzito.
Escuto samba olhando para o pôster do Pink Floyd que
preenche quase a metade da parede do meu quarto. Escuto Eminem e o considero
mais punk que o Green Day, o Blink-182 e o Offspring juntos. (algum dos três
costuma enterrar a mãe nos videoclipes?). Curto filmes que me emocionam demais. Idolatro o Dom Corleone, mas se ele fosse real eu
o odiaria. Não estou arrependido de nada que fiz nessa vida, de absolutamente
nada mesmo. Eu fui bem melhor do que eu poderia e bem pior do que eu esperava.
Aos seis anos, eu dizia que queria ser fotógrafo e mecânico (ao mesmo tempo), aos onze queria ser o Marcelinho Carioca, com treze, achava que jogava futebol igual ao Lúcio (ex-zagueiro do Inter) e com quinze, pensava ter nascido para ser pastor evangélico. Em 2003, com dezesseis, sonhava ser vocalista de uma banda obscura de rock’n roll ou o novo Mr. Pi. Aos dezessete, me considerava alternativo, diferente, especialmente quando enchia a cara cantando Legião Urbana sentado no chão da Praça Honorato.
Com dezenove, vim para Porto Alegre para tentar me encontrar
e encontrei o Lucas que eu procurava, mas acabei perdendo aquele que ficou em
Cachoeira do Sul. Eis o paradoxo; sinto saudades dele e ele desejava ser como
eu sou hoje. Que orgulho ele deve estar sentindo de mim! Nunca vou me dar por
satisfeito com a vida. E depois de tantos anos considerando isso ruim, me
conformei que essa insatisfação eterna é totalmente edificadora.
Feliz aniversário para mim. Eis que envelheço na cidade. E o
faço na cidade que escolhi para isso. Chego à data tão esperada por um grande
amigo meu, metido a piadista, um verdadeiro gênio. Ele dizia que um dia eu
completaria vinte e seis anos no dia 26. "Isso acontece no máximo uma vez na
vida" de qualquer ser humano. Que momento. Esse dia é meu e dos meus pais que
fizeram de tudo para que ele acontecesse. Nasci e recebi uma educação tão
perfeita, que não consigo fugir dela, por mais que às vezes eu tente.
Não consegui realizar sonhos ainda. Mas, na profissão que escolhi, posso estar bem próximo daqueles antigos anseios. Já entrevistei dois radialistas (Mr. Pi e Lauro Quadros), um pastor (Fernando, da Igreja Quadrangular) e ainda serei um pouco fotógrafo e outro tanto, radialista. Já entrevistei um repórter esportivo presente em várias Copas do Mundo (Zé Alberto Andrade). Finalmente, como diz o maior professor que eu tive, Sr. Marques Leonan: “jornalista é aquele que pode chegar até no Presidente da República e exigir explicações”. Minha profissão, minha paixão. Um dia chego lá. Estou no caminho certo e não vou desistir em troca de prazeres quiméricos (eu tentando me convencer de algo).
Por mais paixão que eu possa ter por uma carreira, jamais
vou querer que meu lado profissional supere meu lado pessoal. O Lucas Vidal
Domingues sempre vai se sobressair àquele funcionário que tiver sua foto
estampada no crachá e seu nome gravado no e-mail da empresa.
Sim, aniversário me faz pensar muito, com extrema seriedade e dedicação. E tudo isso faz todo o sentido para mim.
Um pedido de casamento
Quero morrer de ciúmes quando você entrar no palco com o Chico.
Quero babar vendo você cantando pela televisão.
Quero puxar você pela mão.
Quero te roubar dos braços suados de um fã enlouquecido.
Quero ser invejado por estar ao lado da musa da bossa nova.
Quero entrar nestes seus olhos misteriosos.
Tua voz me alucina.
Também não nasci no tempo da maldade.
Com você, não sinto medo algum.
Brilhou uma estrela no céu.
E ela está torcendo para que você diga sim.
Quero te chamar de Narinha.
E só vou atender, quando você disser “amorzinho”.
Quando o Caetano vier nos visitar,
não vou permitir que ele entre antes de você estar vestida.
Pretendo arrancar seus beijos o tempo todo
E sei que não será uma tortura.
Casa comigo, rainha da Tropicália?
Depois de ser a gata de apartamento no Saltimbancos,
topa ser a gatinha daqui da minha casa?segunda-feira, 24 de junho de 2013
Até que ponto vale a pena?
É
muito bonito um indivíduo abrir mão do conforto pessoal em nome de uma grande
causa, de uma ideologia. Essa atitude é vista com grande apreço por vários
setores da sociedade. Podemos citar aqueles que dedicam a vida à ONGs, a
projetos de inclusão social ou ao cuidado com os animais abandonados, por
exemplo. Recebem elogios emocionados e são admirados por todos. Desde pequenos,
somos ensinados a doar roupas e brinquedos, a ser solidários. Em várias
entrevistas de emprego, somos perguntados se já fizemos trabalho voluntário. Se
a resposta for positiva, nossas chances de contratação aumentam
consideravelmente.
No
filme Faces da Verade (Nothing but the truth, EUA, 108 min), a personagem
Rachel Armstrong, vivida por Kate Beckinsale, foi tentada, de diversas formas,
a fazer algo que ia contra sua ética profissional; revelar o nome de uma fonte
para a qual ela tinha prometido sigilo absoluto. Como não cedeu, acabou presa
e, por isso, arruinou sua vida, sendo traída pelo marido, que se sentia
solitário, e correndo risco de perder a guarda de seu filho, além de levar uma
surra na cadeia.
Trata-se
de mais um caso como os citados no primeiro parágrafo. De acordo com o meio
acadêmico, com as conversas idealistas e com o imaginário coletivo, as
profissões têm princípios a serem seguidos, que nunca devem ser preteridos.
Baseada nisso, a jornalista da película deixou de lado toda sua vida pessoal,
preferiu ser vista com bons olhos por esse mundo hipócrita ao invés de se
preocupar com a família dela. Tanto que concorreu a um prêmio e recebeu a
notícia na casa de detenção.
Ora,
como não seria postulante a mérito alguém que seguiu as regras de forma tão
obediente? Foi uma heroína, posou de mártir e exemplo a ser seguido, mas acabou
sofrendo e sendo infeliz naquilo que mais importa, a vida pessoal. Para quem
olha de fora, é sensacional, mas para quem vive, não. Esses ensinamentos que ouvimos
na infância, de praticar boas ações para os outros e o incentivo que recebemos
para sermos voluntários são o maior exemplo dessa falta de felicidade, que hoje
em dia impera. A dedicação às aparências, tudo por um curtir nas redes sociais,
um aplauso na rua. O homem pós-moderno é um exemplo de sucesso diante da
sociedade, mas um fracasso na hora de olhar nos olhos dos seus filhos.
Jamais ele deve tentar agradar a maioria, seguir os
acordos tácitos da sociedade se, para isso, for preciso negar seu
individualismo e aqueles a quem ama.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Audrey Hepburn, Jim Morrison, eu e você
Estávamos nós quatro ali, conversando sobre a vida.
O parque estava escuro.
Os bancos molhados pela chuva. O vinho se misturou ao nosso sangue.
Agora, estamos prontos para a viagem. Então? VOCÊ pode vir ou vai continuar
resistindo ao seu destino?
Ela está chegando perto de nós. O vestidinho preto feito sob
medida e a piteira segurada de forma doce não deixa dúvidas. Está radiante e
sexy como sempre. Meiga, ela toma conta de meus pensamentos e me cativa. O
Morrison também está chegando, embriagado como sempre. Na verdade, tenho muito orgulho dele.
VOCÊ quer me abraçar agora? Vem, chega perto e entrega tuas
angústias. Estamos quase lá. Os anos nos separaram deles, mas o destino juntou
nossas quatro almas. Eu sou amigo do Jim Morrison e da Hepburn. A nossa
proximidade se dá pela extrema carência dela e pela necessidade que ele tem de
curtir cada noite como se fosse a última.
O Morrison nos
protege dos perigos desse mundo. Vamos irromper para o outro lado a convite
dele. E o olhar poderoso da Bonequinha de Luxo me encoraja a seguir em frente. Vamos continuar com eles ou nos aproximar
daqueles que querem acabar com nossa vida, comprando nosso tempo e nossa
vontade de fazer festa e de ser livres? Vida, curtição, emoções, amizades e
amores eternamente intensos de uma noite só.
Sigo olhando para ela e penso como foi bom viver os anos 60.
A magia toma conta de mim. Hepburn foge de repente, gritando. Provavelmente
esteja magoada, mas sempre me entendo com ela no final. Ela senta no meu colo.
Conversamos e fica tudo bem. Como foi teu encontro com ele? Conseguiu apagar o
fogo dele? Ah, deve ser bem difícil. Mas eu sei que VOCÊ pode. Ele me
confidenciou recentemente, em sonhos, que VOCÊ faz o tipo dele.
Estamos ligados desde o mais distante passado. Enquanto Eva
convencia Adão a comer a maçã e amaldiçoar a raça humana, nós quatro fugíamos
do óbvio e bebíamos no paraíso.
Ela cantava Moon River. Ele dizia: “Me ame em dobro, baby”.
Geralmente ela ia com ele e VOCÊ, comigo. Nos escondíamos e tentávamos não ser
mandados para esse mundo cão. Nossa condição era virmos juntos, nascermos no
mesmo ano, mas o grande Deus não nos permitiu. Que pena. Teria sido divertido.
Agora estou esperando, ansiosamente, o
fim desse corpo que me aprisiona. Somente assim, poderei me libertar desses
desejos malditos que acabam com meu necessário raciocínio. Mas a Miss Hepburn
chega quietinha, sussurra nos meus ouvidos e acabo sempre indo curtir mais uma
festa na enlouquecedora rua dos amores impossíveis.
VOCÊ entrou no seu
corpo na mesma cidade que eu, foi obrigada gostar dos mesmos lugares. E por que
renega as origens? Vamos voltar. Lembra dos nossos whiskeys? Vamos bebê-los de
novo. O Morrison está querendo dormir na mesma hora em que ela chega em casa.
Vão se amar loucamente. O gatinho sem nome grita e eu acabo indo socorrê-lo. VOCÊ
vem ver o que está acontecendo e também deita na cama. Não para adormecer. Eu
não participo, somente filmo tudo, bem de longe, pois meu corpo é incompatível
com a felicidade. VOCÊ sempre adorou um rockstar. Estava nos planos eu ser um,
mas acabei fracassando, por motivos que VOCÊ conhece bem.
This is the
end, our only friend, the end. We got to leave the show. But before,
let’s have a Breakfast at Tiffany’s. Como é bom ter amigos famosos. Isso fez
com que adquiríssemos bem cedo a capacidade de pensar por contra própria e de refletir
sobre a verdadeira razão da vida. Durante a Era do Jazz, nós queríamos descer
para o mundo, mas não foi permitido. Deus disse que não teríamos sido
compreendidos. Ah, como queríamos ter nascido em Paris. Era nosso plano desde a
reconstrução da cidade no fim do século XIX.
Vem aqui, coloca tua cabeça no meu peito e deixa eu sentir o
cheiro do teu lindo cabelo moreno. O vinho acabou. O Jim Morrison foi dar uma
volta em Paris e a Miss Hepburn foi tirar umas breves férias no Cantão de Vaud.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Dentro da noite
A noite está começando.
Os casais saem de mãos dadas.
As luzes brilham na esquina da João Alfredo.
Os jovens vão à Rua da República cheios de
vida e de esperança.
Na imaginação deles, emoção e prazeres.
Conhecer pessoas novas, ficar com várias.
É a melhor fase da vida. É preciso curtir ao
extremo.
Ficar em casa sábado? Jamais.
Na fila, olhares atentos em busca de rostos
bonitos.
Copo em uma na mão, celular na outra.
As garrafas vazias começam a tomar conta da mesa.
Quando levamos a garota dos sonhos para a noite, ela cai
após algumas doses e acabamos ficando como o amiguinho gentil que a carregou e
levou aguinha.
Cadê ela, “além de aqui, dentro de mim?” (desculpa,
Renato Russo)
Moreno, alto e magro, com camiseta branca e calça skinny,
com sotaque carioca. Nunca mais o viu.
Se ela tivesse falado com ele, teria sido o homem da vida
dela. Mas todos com quem falou a decepcionaram.
Apegamos-nos às pessoas e, quando menos esperamos, elas
desaparecem das nossas vidas antes que o gosto do vinho que bebemos com elas
tenha sumido da nossa boca.
"O rock morreu? Não aqui." As minhas esperanças
morreram, mas meu corpo ainda não entendeu. Sigo procurando a garota ao meu
lado na cama.
Também continuo imaginando que ela está sentada comigo no cinema nas tardes de chuva.
Também continuo imaginando que ela está sentada comigo no cinema nas tardes de chuva.
Aquela blusa transparente desperta a minha
imaginação e me lembra do tempo em que eu ainda era um homem.
A noite está acabando.
A última banda vai subir no palco do
Opinião.
Não sou mais o mesmo.
Meu grande melhor amigo e eu bebemos água sem
gás em vez de vodka.
Já não somos tão jovens assim.
Uma fase está acabando.
Ela engravidou e teve que conseguir emprego.
Agora terá que abandonar as festas do
Chalaça.
O pai do filho dela
segue bebendo e curtindo outras meninas.
Era exatamente esse
final que ela sonhara quando eles se conheceram na Cidade Baixa, há um ano.
A esquina segue a mesma, o D.J ainda faz os
boêmios dançarem na Independência, mas a esperança já se foi, juntamente com o calor das noites de verão.
Decote provocante, botas e calça justa.
Morena.
Tênis, bermuda , camiseta do Jack Daniels e
cabelos longos. Rapaz carioca, poeta e cantor.
Abraçados e trocando carícias na saída da noite.
Amor?
Não. Porque ele não existe.
Sim. Porque quase todos querem que seja.
As PESSOAS (parte II)
Se você preferir, pode ler antes a primeira parte.
As PESSOAS postam no facebook fotos de sua infância no dia das crianças.
As PESSOAS conquistam umas às outras para depois desprezarem seus conquistados para, dessa forma, alimentarem seus egos.
As PESSOAS não mostram sua verdadeira personalidade com medo do julgamento das outras PESSOAS, que, por sua vez, também se escondem.
As PESSOAS fazem o sinal da cruz quando passam por igrejas sem saber o motivo.
As PESSOAS votam “na pessoa, não no partido”.
As PESSOAS presenteiam no dia das mães, mas a xingam por qualquer besteira.
As PESSOAS assistem filmes brasileiros somente após o reconhecimento do exterior.
As PESSOAS criticam o Brasil, mas nada fazem para mudar.
As PESSOAS jogam lixo no chão.
As PESSOAS criticam as novelas, mas assistem sempre.
As PESSOAS crescem, casam-se ou “juntam-se”, têm filhos e conseguem um emprego considerado bom por todas As PESSOAS, sem nem mesmo pensar por que estão fazendo isso.
As PESSOAS estudam direito para dizerem “eu sou advogado”, o tempo todo, sem serem perguntados sobre isso.
As PESSOAS ficam duas décadas sem ver um amigo, mas vão chorar no velório dele.
As PESSOAS mudam de personalidade por terem alcançado uma melhor posição social.
As PESSOAS passam a gostar de um esporte só por que ele tornou-se popular.
As PESSOAS dirigem após beber.
As PESSOAS acreditam em tudo que veem na televisão.
As PESSOAS gostam de cinema só na época do Oscar; de futebol, em tempos de Copa do Mundo e de arte, durante a Bienal.
As PESSOAS reclamam do desemprego e depois de serem contratadas não querem trabalhar.
As PESSOAS veem um caso de corrupção na televisão e começam a se revoltar e se indignar contra o político, inclusive defendendo a prisão dele, antes mesmo de tentar entender o assunto.
As PESSOAS não gostam de eleições.
As PESSOAS preferem votar em qualquer um a pensar um pouquinho antes de escolher o candidato.
As PESSOAS são preconceituosas com jogadores de futebol, com loiras, com roqueiros, com ricas, com pobres, com bonitas, com feios, com usuários de drogas, com homossexuais, mas se dizem contra o preconceito, só por esse discurso estar na moda.
O problema não é tomar essa ou aquela atitude, mas agir sem pensar, baseando-se somente nas opiniões de outras PESSOAS. As PESSOAS representam o pensamento geral, o lugar comum, a sociedade de massa, aquela que pega a onda sem saber para onde está sendo levada, mas não aceita, jamais, deixar de participar e de concordar com a maioria. Talvez eu seja, sim, uma delas.
As PESSOAS postam no facebook fotos de sua infância no dia das crianças.
As PESSOAS conquistam umas às outras para depois desprezarem seus conquistados para, dessa forma, alimentarem seus egos.
As PESSOAS não mostram sua verdadeira personalidade com medo do julgamento das outras PESSOAS, que, por sua vez, também se escondem.
As PESSOAS fazem o sinal da cruz quando passam por igrejas sem saber o motivo.
As PESSOAS votam “na pessoa, não no partido”.
As PESSOAS presenteiam no dia das mães, mas a xingam por qualquer besteira.
As PESSOAS assistem filmes brasileiros somente após o reconhecimento do exterior.
As PESSOAS criticam o Brasil, mas nada fazem para mudar.
As PESSOAS jogam lixo no chão.
As PESSOAS criticam as novelas, mas assistem sempre.
As PESSOAS crescem, casam-se ou “juntam-se”, têm filhos e conseguem um emprego considerado bom por todas As PESSOAS, sem nem mesmo pensar por que estão fazendo isso.
As PESSOAS estudam direito para dizerem “eu sou advogado”, o tempo todo, sem serem perguntados sobre isso.
As PESSOAS ficam duas décadas sem ver um amigo, mas vão chorar no velório dele.
As PESSOAS mudam de personalidade por terem alcançado uma melhor posição social.
As PESSOAS passam a gostar de um esporte só por que ele tornou-se popular.
As PESSOAS dirigem após beber.
As PESSOAS acreditam em tudo que veem na televisão.
As PESSOAS gostam de cinema só na época do Oscar; de futebol, em tempos de Copa do Mundo e de arte, durante a Bienal.
As PESSOAS reclamam do desemprego e depois de serem contratadas não querem trabalhar.
As PESSOAS veem um caso de corrupção na televisão e começam a se revoltar e se indignar contra o político, inclusive defendendo a prisão dele, antes mesmo de tentar entender o assunto.
As PESSOAS não gostam de eleições.
As PESSOAS preferem votar em qualquer um a pensar um pouquinho antes de escolher o candidato.
As PESSOAS são preconceituosas com jogadores de futebol, com loiras, com roqueiros, com ricas, com pobres, com bonitas, com feios, com usuários de drogas, com homossexuais, mas se dizem contra o preconceito, só por esse discurso estar na moda.
O problema não é tomar essa ou aquela atitude, mas agir sem pensar, baseando-se somente nas opiniões de outras PESSOAS. As PESSOAS representam o pensamento geral, o lugar comum, a sociedade de massa, aquela que pega a onda sem saber para onde está sendo levada, mas não aceita, jamais, deixar de participar e de concordar com a maioria. Talvez eu seja, sim, uma delas.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Brasil - Amor e ódio
O Brasil é nosso. Mas só quando convém.
Se o assunto for futebol, como é bom dizer: sou brasileiro. Senadores e
deputados são todos corruptos. Criticamos, mas, na hora de votar. Ah, na hora
de votar vamos o mais rápido possível para nos livrar. Ou como bons
brasileiros, chegamos poucos minutos antes do fechamento da seção. Essas são as nossas preocupações
em dia de eleição. Ir pela manhã ou pela tarde? Depois ou antes do almoço?
Agora,
estamos orgulhosos da solidez da nossa economia, ouvimos nosso ex-presidente
dizer que emprestou dinheiro ao FMI e que o desemprego está cada vez menor. A presidente
Dilma Rousseff anda sendo parabenizada em todos os lugares que vai. O país da
Garota de Ipanema. Que orgulho! Aliás, lá fora, duas versões da canção são
conhecidas. Ambas cantadas em inglês. A primeira interpretada pela baiana Astrud Gilberto e a segunda, pelo americano Frank Sinatra.
Coitado do Brasil. Esse país foi criado por alguém bem criativo. Um gênio que conseguiu imaginar todos os minuciosos detalhes. Esse estudioso segue brincando com seu mais ousado projeto. Não deve ser fácil inventar uma pátria que escraviza seus índios e impõe o catolicismo a eles. Mas eles já não tinham religião? Acho que os livros falam algo sobre isso. Por falar em livros, os europeus leem, em média, nove livros por ano. Aqui, não lemos nem a metade disso.
Coitado do Brasil. Esse país foi criado por alguém bem criativo. Um gênio que conseguiu imaginar todos os minuciosos detalhes. Esse estudioso segue brincando com seu mais ousado projeto. Não deve ser fácil inventar uma pátria que escraviza seus índios e impõe o catolicismo a eles. Mas eles já não tinham religião? Acho que os livros falam algo sobre isso. Por falar em livros, os europeus leem, em média, nove livros por ano. Aqui, não lemos nem a metade disso.
A maior nação da América do Sul tem uma grande miscigenação, mas mesmo assim tem incontáveis e lamentáveis
casos de racismo. Quase todos assistem novela, mas a maioria tem vergonha disso.
Os portugueses não têm, pois importam nossos folhetins sem pensarem duas vezes.E
sempre atingem o sucesso. Acredito já ter ouvido alguma piada sobre portugueses
por aqui. Eles são burros, não são? Por falar nisso, tenho vontade de rir
quando lembro que quase todo mundo já esteve preso a uma trama da Rede Globo,
daquelas bem fáceis de adivinhar o final. Não, o engraçado não é se apegar a um
enredo bem feito, mas acompanhar toda a obra e depois falar mal de quem
assistiu.
Brasil, como não amar e como não odiar? A melhor decisão é desistir de concluir algo, apenas sentar em frente à televisão, comprar uma cerveja e aproveitar essa oportunidade única da vida, que nos permitiu nascer brasileiros. Abraços a todos os conterrâneos. Daqueles bem apertados, que somente nós sabemos dar.
Brasil, como não amar e como não odiar? A melhor decisão é desistir de concluir algo, apenas sentar em frente à televisão, comprar uma cerveja e aproveitar essa oportunidade única da vida, que nos permitiu nascer brasileiros. Abraços a todos os conterrâneos. Daqueles bem apertados, que somente nós sabemos dar.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Metallica, mais um gigante no Rock in Rio
O Metallica sempre é garantia
de energia, sucessos e público animado em todos os shows que faz. No Rock in
Rio 2013 não será diferente. Na apresentação do dia 19 de setembro, no palco
Mundo do festival, James Hetfield (vocais), Lars Ulrich
(bateria) Kirk Hammet (guitarra) e Robert Trujillo(baixo) tocarão os sucessos arrebatadores dos seus mais de
trinta anos de carreira.
Após rodar a Europa tocando na
íntegra o seu disco mais clássico, o Black
Álbum, de 1991, a banda vem ao Brasil como uma das mais esperadas, pronta
para executar ‘Master of Puppets’, ‘Enter Sandman’ e 'Seek and Destroy’, entre
outras. Nas últimas duas edições do Rock in Rio, os californianos conseguiram
agitar o público que já estava, naquela oportunidade, cansado por ter ficado horas de pé.
A partir do disco de estréia,
Kill’em All, de 1983, se passaram oito anos até as músicas do Metallica
começarem a tocar nas rádios incessantemente. Feito raro para uma banda de
Heavy Metal. Depois desse estouro comercial, em 1991, o restante da década não foi
boa. As gravações de Load (1995), Reloaded (1996) e Garage Incorporation (1997) não agradaram a maior parte dos fãs. Além disso, o século XXI não começo bem para o Metallica, que chegou
a processar alguns fãs por eles terem baixado músicas do grupo na Internet, no ano de
2003, quando foi lançado o disco mais controverso , St. Anger, amado e
odiado com a mesma intensidade.
Quatro anos após “lavar a roupa suja” em público, expondo todas as intrigas entre seus integrantes no documentário Some Kind of Monster, em 2004, o Metallica retomou o sucesso com o lançamento de Death Magnetic. Os riffs e os solos eram o mais próximo possível da fase mais criativa da banda. Desde então, lotam estádios e estão entre as atrações que mais geram expectativas no público do Rock In Rio.
Quatro anos após “lavar a roupa suja” em público, expondo todas as intrigas entre seus integrantes no documentário Some Kind of Monster, em 2004, o Metallica retomou o sucesso com o lançamento de Death Magnetic. Os riffs e os solos eram o mais próximo possível da fase mais criativa da banda. Desde então, lotam estádios e estão entre as atrações que mais geram expectativas no público do Rock In Rio.
Iron Maiden de volta ao Rock in Rio
A Donzela de Ferro volta ao
Brasil para se apresentar no palco Mundo do Rock in Rio, no domingo, dia 22 de
setembro. A banda já gravou inclusive CD e DVD no festival, em 2001, e estará
presente novamente, dessa vez com a turnê em homenagem ao álbum Seventh son of a seventh son, de 1988. Eles têm uma grande identificação com o público brasileiro e vêm frequentemente para cá, inclusive tocando em cidades que não costumam entrar na rota de atrações internacioanais, como Recife, Maceió e Manaus.
Canções como The Clairvoyant e Moonchild raramente são executadas ao vivo e estão no novo setlist. As clássicas ‘The number of the Beast’, ‘The Trooper’ e ‘Run to the Hills também marcarão presença. Em contra-partida, ‘Hallowed be thy name’, de1982, saiu do repertório do Maiden depois de 30 anos.
Canções como The Clairvoyant e Moonchild raramente são executadas ao vivo e estão no novo setlist. As clássicas ‘The number of the Beast’, ‘The Trooper’ e ‘Run to the Hills também marcarão presença. Em contra-partida, ‘Hallowed be thy name’, de1982, saiu do repertório do Maiden depois de 30 anos.
Liderada pelo baixista Steve Harris, a formação é a mesma desde
2000, e se completa com Bruce Dickinson nos vocais, Nicko McBrain na bateria e Adrian Smith, Janick Gers e Dave Murray no trio de guitarras. O tecladista convidado Michael Kenney completa o grupo. O mascote da banda, Eddie, é praticamente um oitavo membro, pois está presente nas capas de todos os discos e sempre "sobe" ao palco junto com seus "companheiros".
Reunindo um grande público no país em todas suas passagens, o Iron Maiden promete mais um memorável espetáculo aos metaleiros brasileiros, recheado de sucessos. Claro, para aqueles que conseguiram
garantir seus ingressos, pois as entradas acabaram em quatro horas, deixando
muita gente de fora. Três dias antes, o Metallica se apresentará no mesmo palco.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
"Marco Feliciano é um servo de Deus"
Em entrevista concedida na noite do último domingo, o pastor Fernando Porto, da Igreja
Quadrangular de Porto Alegre, garantiu estar ao
lado de Marcos Feliciano. Chamando-o de “servo de Deus”, afirmou que o
deputado não quer o mal dos gays, mas levar as leis do Senhor
a eles. O religioso disse que “muitas vezes a palavra de Deus confronta as pessoas”, mas elas não aceitam a correção e ficam ofendidas, o que, de acordo com ele, ocorre com os homossexuais, que são "pecadores e necessitam de arrependimento".
Entrevista com pastor Fernando Porto
Muito se fala atualmente na influência da religião na política. Há pouco tempo, as associações religiosas eram escutadas, mas não tinham poder efetivo de decisão. Neste ano, com a eleição do pastor Marco Feliciano para a presidência da comissão dos direitos humanos, os evangélicos conquistaram um espaço importante. Negros e homossexuais tinham sido ofendidos com frases fortes no twitter do crente, e desde quando ficaram sabendo da eleição dele, os defensores das minorias protestam incansavelmente em todo o Brasil.
A professora de história da UFRGS Céli Pinto disse, em entrevista, que considera absurdo “uma pessoa que não pratica os direitos humanos presidir a comissão” e lamentou o fato de muitos brasileiros concordarem com ele. Dia 12 de abril, o site do G1 promoveu uma votação perguntando se as pessoas são a favor do casamento gay e o resultado anda no mesmo sentido da opinião de Céli. Os intelectuais, em geral, temem as atitudes do novo presidente. Caetano Veloso, por exemplo, classificou Feliciano como "um homem irado".
“O pastor Marco Feliciano precisa expor suas opiniões”, declarou Fernando, argumentando que a igreja evangélica é só mais uma a entrar na política. O pastor acredita que muitos defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo na igreja somente para ridicularizá-la. Ele falou que várias representações da sociedade participam das decisões do país. Portanto, por mais que "as religiões muitas vezes beneficiem alguns", elas precisam interferir.
Ele lembrou que quando uma pessoa mata a outra, ela é condenada. Então, “não precisa criar uma lei para beneficiar os homossexuais”, pois todos são iguais e devem ser protegidos da mesma forma.
Fernando Porto garantiu que não tem “nada contra os gays, nem contra as lésbicas”, mas reitera que eles são, sim, “contra as leis de Deus e que precisam de cura”. Feliciano declarou, recentemente, que não pretende deixar seu cargo, apesar das manifestações de boa parte da população.
Entrevista com pastor Fernando Porto
Muito se fala atualmente na influência da religião na política. Há pouco tempo, as associações religiosas eram escutadas, mas não tinham poder efetivo de decisão. Neste ano, com a eleição do pastor Marco Feliciano para a presidência da comissão dos direitos humanos, os evangélicos conquistaram um espaço importante. Negros e homossexuais tinham sido ofendidos com frases fortes no twitter do crente, e desde quando ficaram sabendo da eleição dele, os defensores das minorias protestam incansavelmente em todo o Brasil.
A professora de história da UFRGS Céli Pinto disse, em entrevista, que considera absurdo “uma pessoa que não pratica os direitos humanos presidir a comissão” e lamentou o fato de muitos brasileiros concordarem com ele. Dia 12 de abril, o site do G1 promoveu uma votação perguntando se as pessoas são a favor do casamento gay e o resultado anda no mesmo sentido da opinião de Céli. Os intelectuais, em geral, temem as atitudes do novo presidente. Caetano Veloso, por exemplo, classificou Feliciano como "um homem irado".
“O pastor Marco Feliciano precisa expor suas opiniões”, declarou Fernando, argumentando que a igreja evangélica é só mais uma a entrar na política. O pastor acredita que muitos defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo na igreja somente para ridicularizá-la. Ele falou que várias representações da sociedade participam das decisões do país. Portanto, por mais que "as religiões muitas vezes beneficiem alguns", elas precisam interferir.
Ele lembrou que quando uma pessoa mata a outra, ela é condenada. Então, “não precisa criar uma lei para beneficiar os homossexuais”, pois todos são iguais e devem ser protegidos da mesma forma.
Fernando Porto garantiu que não tem “nada contra os gays, nem contra as lésbicas”, mas reitera que eles são, sim, “contra as leis de Deus e que precisam de cura”. Feliciano declarou, recentemente, que não pretende deixar seu cargo, apesar das manifestações de boa parte da população.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Para ler embriagado
O sol
está querendo aparecer. O meu coração tem o mesmo desejo do Lou
Reed, que fala por mim. A minha ansiedade pulsa no ritmo da guitarra
do Sterling Morrison. Ao mesmo tempo em que penso em dormir, o Velvet
Underground me convida a seguir curtindo a noite. Acabou a cerveja,
mas a sonoridade me embebeda. Cada batida da Maureen Tucker me soa
como uma palavra de ordem que me leva ao prazer.
Assim
como eu tento ser autêntico em todas as situações, Jean-Luc Godard
foi no início de sua carreira. Ele subverteu várias regras de
roteiro em Acossado, assim como eu busco fazer com as atitudes
previsíveis dos relacionamentos no dia a dia. A vontade de “fazer
o que ainda não tinha sido feito” é fascinante e desafiante,
principalmente quando aplicada na fila do pão, na espera pelo
ônibus, na rotina de um órgão público. O céu está ficando
azulzinho, assim como um terço da bandeira francesa. Está passando
da hora de dormir.
Heroin
me traz de volta para a emoção da noite, apesar da falta de luz já
estar “resolvida” e o coração já estar se conformando com a
tristeza do sono. Por mais que eu tente, não consigo ficar sem
dormir. Isso é triste. Sete, oito, nove horas desperdiçadas em nome
de um repouso, de um pedaço de morte, de uma depressão. Acordar,
comer, estudar, comer, trabalhar, comer e dormir me tornam totalmente
medíocre e decepcionado comigo mesmo, pois eu sonhava ser um Jim
Morrison dos pampas.
Eu
tento viver de uma maneira diferente, mas as obrigações diárias me
impedem, me trazem de volta para a tortura da vida. Da mesma forma, O
Lou Reed tenta viajar comigo em uma utopia de noite eterna, mas o sol
fatalmente invade minha casa, me obrigando a franzir a testa. Eu
sofro dos mesmos males que Porto Alegre. Percebo aqui minha ligação
eterna com essa cidade, como a contradição que sou. Rock’n roll
misturado com complexo de inferioridade com relação ao centro do
país e uma arrogância inata, um nariz empinado. A suposta
inferioridade nos torna diferente. E o fato de não ser igual nos
eleva a outro nível.
E a
guitarra sessentista segue, não consigo resistir a ela. Prefiro sonhar
sem realizar a não desejar nada. Inevitável luz do dia. Maldita.
Insuperável Velvet Underground. Esperanças eternas de felicidade.
Deixe-me sem comer, mas não leve meu “disco da banana”.
Jornalista idealista morre sufocado por emoções que nunca
existiram. Sim, a vida é decepcionante.
terça-feira, 12 de março de 2013
O Barcelona acabando com a emoção do futebol
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Quem gosta de cinema de qualidade, sabe o quão chato é sentar na frente da tela, o filme começar e a partir de um certo momento, perceber que não terá surpresa nenhuma. Aquele final sem graça, esperado. É exatamente isso que está acontecendo com o futebol europeu há alguns anos. O pior é que assim como 'O Lado Bom da Vida' concorre ao Oscar e todos acham normal, também é considerado bom para o espetáculo um time massacrar e resolver a partida em poucos minutos. Os expectadores sabem como acabará.
Temos um time que vence os jogos de forma natural e assim como ocorre com os filmes vazios, as pessoas se divertem, comentam nas redes sociais, porque é mais fácil, exige menos do cérebro. O Barcelona é perfeito para uma geração de compartilhamentos, de frases feitas, de mentes que mais parecem máquinas. Depois de ver um jogo do clube catalão, não precisamos ver os outros, porque os lances se repetem assim como acontece com as piadas nas rodas de amigos, com os comentários no twitter. Assitir a um jogo truncado no campeonato inglês é lindo, precisamos de concentração o tempo todo. O golzinho por cobertura repete dezenas de vezes e podemos curtir tomando suquinho, olhando para os lados.
Que jogaço aquele Manchester x Real Madrid. Os espanhóis venceram por um gol, no detalhe. Isso é emoção, "coração na ponta da chuteira", como costuma dizer o gigante Galvão Bueno. Nos jogos do Barcelona, o anti-futebol impera. Só onze jogam e os outros onze correm atrás. Aqueles que não acompanham a grande festa da bola com assiduidade são convidados a participar das discussões . Se votam nas eleições sem conhecer os candidatos, se expõe suas vidas no facebook sem critério nenhum, se ficam bombados para brigar nas festas, por que não aplaudir mais um gol do Messi e twittar depois?
Quem gosta de cinema de qualidade, sabe o quão chato é sentar na frente da tela, o filme começar e a partir de um certo momento, perceber que não terá surpresa nenhuma. Aquele final sem graça, esperado. É exatamente isso que está acontecendo com o futebol europeu há alguns anos. O pior é que assim como 'O Lado Bom da Vida' concorre ao Oscar e todos acham normal, também é considerado bom para o espetáculo um time massacrar e resolver a partida em poucos minutos. Os expectadores sabem como acabará.
Temos um time que vence os jogos de forma natural e assim como ocorre com os filmes vazios, as pessoas se divertem, comentam nas redes sociais, porque é mais fácil, exige menos do cérebro. O Barcelona é perfeito para uma geração de compartilhamentos, de frases feitas, de mentes que mais parecem máquinas. Depois de ver um jogo do clube catalão, não precisamos ver os outros, porque os lances se repetem assim como acontece com as piadas nas rodas de amigos, com os comentários no twitter. Assitir a um jogo truncado no campeonato inglês é lindo, precisamos de concentração o tempo todo. O golzinho por cobertura repete dezenas de vezes e podemos curtir tomando suquinho, olhando para os lados.
Que jogaço aquele Manchester x Real Madrid. Os espanhóis venceram por um gol, no detalhe. Isso é emoção, "coração na ponta da chuteira", como costuma dizer o gigante Galvão Bueno. Nos jogos do Barcelona, o anti-futebol impera. Só onze jogam e os outros onze correm atrás. Aqueles que não acompanham a grande festa da bola com assiduidade são convidados a participar das discussões . Se votam nas eleições sem conhecer os candidatos, se expõe suas vidas no facebook sem critério nenhum, se ficam bombados para brigar nas festas, por que não aplaudir mais um gol do Messi e twittar depois?
segunda-feira, 11 de março de 2013
Ousadia
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"And in the end, the
love you take is equal to the love you make", Paul McCartney
Essa frase da música “The End”, dos Beatles, o
maior nome da música no século XX, me faz lembrar de algo que eu penso há muito
tempo. O amor que recebemos será, no fim das contas, exatamente igual ao que
damos. A bala que me foi recusada na infância por um amigo foi negada a ele
alguns dias depois. Pais separados e ricos ou pobres e unidos? Quem teve pobres
e separados certamente nasceu com uma força maior ou será recompensado com um
emprego bom, com ótimos amigos ou terá irmãos que ajudarão a “pegar junto”. A infelicidade é dividida por um mundo cuja perfeição é incompreensível para nós,
pobres humanos.
Evoluindo no tema, acho que a vida é exatamente
igual com todo mundo, excluindo as pessoas às margens da sociedade, é claro. A
respeito dessas, ainda quero conversar olho no olho com o Ser que criou esse
mundo e nos “jogou” dentro. Exatamente por isso, acho que aquele conteúdo lido,
mas não usado na prova, um dia nos será útil. A pessoa que ajudamos, o amigo
que carregamos nas horas difíceis, o sorriso não correspondido, a gentileza que
recebeu uma resposta fria. Aquelas pessoas que agradamos, que amamos, mas pelas
quais somos ignorados, serão rejeitadas por alguém. Nós seremos brindados pela simpatia grátis de um desconhecido. “Who
ever you are, I’ve always depended on kindness of strangers”.
Se eu me esforçar para fazer algo bom, para
ajudar as pessoas, vou me cansar fisicamente, me estressar e a minha recompensa
será proporcional a essa dedicação. Se eu não fizer nada de bom, nem de ruim,
nada de bom nem de ruim me acontecerá. Quem fica todos os dias em casa
assistindo televisão acabará a vida em casa assistindo televisão. E,
consequentemente, se prejudicar alguém, o prazer que essa atitude me deu será
equivalente ao meu sofrimento depois. Tudo isso depende de escolha. Em nenhum
momento julgo as escolhas sobre as quais discuto aqui, uma vez que todas
dependem de opção pessoal.
Quem começou a trabalhar com 16 anos, vai viver
mais para curtir a aposentadoria ou gozar de grandes e confortáveis férias
durante a vida. Quem morre jovem em um acidente de trânsito por estar correndo,
é porque já sentiu toda emoção que a maioria das pessoas levam décadas para
viver. Aquele que se conforma com alimentação saudável, que dorme e acorda
cedo, não corre de carro, não bebe, não fuma, não briga e não mantêm atividades que podem matar, é porque consegue ter apego à rotina. Logo, merece
viver cem anos dessa forma. E os outros, morrerão jovens, mas terão, de fato, vivido
o mesmo que os primeiros. Porém, com maior intensidade e em um menor espaço de
tempo.
Temos incontáveis exemplos de pessoas que
preferiram viver intensamente a morrerem velhos. Se o Jim Morrison não tivesse
aquela ânsia por emoção, hoje estaria de pantufas desfrutando dos seus milhões,
mas não teria apagado seu fogo. Apagou, morreu aos 27. Conta-se que Elvis
Presley comia bacon todas as manhãs. Se ele se contentasse com maçãs, poderia
estar vivendo até hoje. Mas será que valeria a pena? Ele achou que não. No rock’n
roll, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Sid Vicious e Cazuza também são ótimos
exemplos.
Raul Seixas viveu da sua música, o que também
pode ser extremamente emocionante enquanto se consegue fazer shows quase todos
os dias, participar de programas de televisão, ser reconhecido na rua. Na década
de 80, o fabuloso disco "Abre-te Sésamo" não foi compreendido pelo
grande público e Raul passou a beber todos os dias, inclusive pela manhã.
"Afundou-se" no consumo de álcool, pois não aceitou viver sob a
pesada mão da rotina. Faleceria em 1989, aos 44 anos. Com meia idade e alguns
momentos com muitas emoções, outros com menos. Mais uma prova da teoria.
Quem estuda, passa no vestibular, no concurso. Se
não, poderá utilizar esse conhecimento para conquistar uma pessoa, para fazer
um amigo, para ganhar um prêmio em algum jogo no estilo do antigo Show do
Milhão. Em algum momento, o mundo o recompensará. Nenhum esforço será em vão. O
chocolate roubado por uma criança pode ser "devolvido" em forma de um
banho de chuva na volta para casa, após um duro dia de trabalho, 30 anos
depois. O corpo também recebe tudo de volta. Eu, por exemplo, me atirava de
joelhos no chão de cima de uma escada de três degraus. Atualmente, sinto dores
neles de vez em quando.
Existem mais dezenas de exemplos, mas a
demonstração está feita. É nisso que eu acredito. Portanto, o rico, bonito e de
boa família chegará ao fim da vida tão infeliz quanto o pobre, feio e sem família,
porque tudo acabará empatado. É por esse pensamento que muitas vezes acabo sendo
um tanto quanto acomodado. Às vezes, me dedico muito para ter sucesso em alguma
empreitada, mas, no fim das contas, ela acaba me trazendo a mesma satisfação
que muitas vezes tenho sem mover um dedo. Mas quando dá certo sem esforço, pode
ser devido ao meu ótimo comportamento na infância. E quando dá errado, talvez
tenha sido por eu ter atrapalhado o sono da vizinha com minha música alta.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Dois anos e nove meses em três páginas
Enquanto Casablanca roda no meu aparelho de DVD pela centésima vez, eu volto em
pensamentos para junho de 2010. A Copa do Mundo acontecia na África do Sul e eu
estava ansioso aguardando a ligação que
confirmaria meu ingresso na Livraria Saraiva, do Barra Shopping Sul. Fora
indicado pelo amigo e ídolo Helder Moura, que apesar de estar trabalhando lá há
apenas dois meses, já era muito respeitado e querido pela gerência. Naquele
momento, eu já tinha passado na prova e feito entrevista com a gerente, Tatiane
Lopes. Só restava aguardar.
No dia 14 daquele mês, por volta
das 18h, meu celular tocou e, do outro lado da linha, estava o então líder de
vendas do turno da manhã, Lairton Bernardes.
Ele solicitou que eu me desligasse o mais rápido possível da empresa na
qual eu trabalhava e, parabenizando-me, informou que eu estava contratado. Eu trabalharia das
17h às 23h, mas passado meio mês, passei a cumprir o horário das 14h às 20h, o
que me ajudou muito nos estudos, pois não chegava muito tarde em casa. Sempre
quis trabalhar lá e, depois de entregar mais
ou menos dez currículos, durante dois anos, na loja do Praia de Belas, tinha
conseguido, por ironia, no outro shopping, que até aquele dia, eu não
simpatizava muito.
Fui recebido pelo líder de vendas
da tarde, Marcelo Brasil, que disse tudo o que eu queria ouvir; “pode vir com o
tipo de calça que quiser, com a camiseta que faz teu estilo, pode deixar a
barba, se sempre quis deixar o cabelo crescer, essa é a hora”. Vindo de um
primeiro emprego que era um arremedo de ditadura militar, senti-me o cara mais
feliz e realizado do mundo com aquelas inesquecíveis palavras. A partir daquela
recepção, comecei a relembrar quem eu era de verdade e o que queria da vida. Vejam
só, que atraente, trabalhar com CDs, meu maior vício. Para completar a alegria,
nesse meio de 2010, vi meu time vencer a Libertadores e consegui me “livrar” de
um namoro que muito me prejudicava.
No início, eu era conhecido simplesmente
como o “amigo do Helder“. Aos poucos, fui adaptando-me aos colegas, ao modo de trabalho
da Saraiva e, dessa forma, acabei crescendo como pessoa e, consequentemente ,
como profissional. Foi extremamente estranho, apesar de bom, lidar com a
liberdade de pensar, de discordar e de ser eu mesmo, uma vez que eu nunca tive essa
oportunidade no meu primeiro trabalho. Após três meses, já estava totalmente
inserido nas rotinas do meu setor. Lá
trabalhavam a Natacha Petkovicz, quase uma segunda mãe, que me mandava estudar
e perguntava se eu estava dormindo bem e o mestre Jean Flecke, cujo “cérebro é
um HD com capacidade infinita”, como disse o Helder, também colega de
setor, ao me apresentar a ele.
Marcela Goldschmidt, Gisele
Alves, Geison Barbosa, Natacha Petkovicz Jean Flecke, Suzane Hallmann,
Emanuelle Balk, Felipe Casser (cantor, pensador e degustador de vinhor),
Tatiane Lopes, Jamila Macedo, Giovani Nunes e Sabrina são pessoas sensacionais que
conheci nesse início. Continuo conversando com elas até hoje, pessoalmente ou
pelas redes sociais. Certamente são amigos para a vida. Na Saraiva, tive
oportunidade de conversar com clientes experientes e cultos, fãs de Ingmar
Bergman, de Miles Davis, de Nietzsche. Aprendi com meus três companheiros de setor
a valorizar um verdadeiro bom filme e com os colegas da livraria, um livro bem
escrito. A música já era minha paixão, portanto, só expandi meu conhecimento.
Nesse
glorioso período da minha vida, consegui minha tão sonhada bolsa do ProUni,
para estudar na FAMECOS. Devo tudo isso, além do meu esforço, à Saraiva, pois
me possibilitou uma carga-horária baixa
com relação a qualquer outra loja e o Leia Mais, através do qual
consegui retirar livros de gramática e de história interessantíssimos, que me auxiliaram
no ENEM, e clássicos em geral, que aumentaram minha “bagagem”. Além disso, me
foi permitido inclusive uma flexibilidade no horário para participar de festas
e eventos na faculdade no primeiro semestre.
Dia 30 de março de 2011,
aconteceu algo que marcou para sempre minha vida; Ozzy Osbourne fez show em
Porto Alegre. Estavam comigo Marcelinha, Jamila, Suzane, Geison, Alexander, Bruno
Paoli , Maurício, e Karina, da Saraiva, além da Janice, do Eduardo, do Darci,
do Joe e do lendário Chapecó. Emoções fortes entre amigos e celebração ao pai
do Metal.
Inesquecível dia em que
conversávamos Helder, Tati, Giovane, Jean e eu com a lista dos vencedores do Oscar de melhor filme na mão, riscando os
que o Giovane já tinha na coleção. Era minha inclusão em um mundo do qual
sempre quis participar. Consumidores de cultura que gastam mais, ao invés de
adquirir um DVD com aquela escrita terrível de caneta com o nome do filme e a
palavra “dublado” em baixo (absolutamente nada pessoal contra quem os tem). Como não lembrar também das dezenas
de vezes em que, enquanto guardávamos os filmes, a Natacha me perguntava se eu
já tinha assistido algum específico e ao ouvir “não” como resposta, exclamava:
“Não?! Meu querido, esse tu tem que assistir hoje”. E o Helder: “Se você não viu esse, o que você viu? Só o
Sexto Sentido?”. Por isso, comecei a assistir Tarantino, Paul Thomas Anderson,
Chaplin, Bergman, Godard, etc.
Com carinho, recordo do meu
primeiro dia no caixa, com a Sônia Vigneaux e a Marcela, uma de cada lado, me dando as
dicas. Várias gargalhadas seguidas da
tradicional frase “a gente ganha pouco, mas se diverte”. Nessa época, por volta
de Fevereiro de 2011, eu já não ficava mais somente no meu setor, arriscava-me
na livraria e vendia alguns notebooks de vez em quando. Sempre gostei de atuar
no caixa, inclusive pedindo para aprender, o que causou espanto na Tati, que
certa vez disse que eu era “a única pessoa de outro setor a pedir para operar
no caixa”.
Tirei minhas primeiras férias,
exatamente no mês que solicitei, graças a mais uma generosidade da Tati. Em
2011, muitas daquelas pessoas de quem eu gostava saíram, para trabalharem em
suas áreas, serem felizes. Isso é muito bom. Mas, em contrapartida, nesse mesmo
ano, entraram outras tão inesquecíveis como as primeiras, com as quais pretendo
manter o contato, como o grande Vinícius Marçal, minha parceira de pessimismo Gabriela
Santos, a louquinha de bom coração Sandra Cassariego (a única pessoa chata que
eu gosto), a Gabriele Soares (talvez a pessoa que eu mais tenha incomodado para
achar livros), o filósofo Pedro Gomes e a Larissa Prigol.
“Aí, seu Lucaaas! Qual é a
situação?” A situação do final desse ano é que eu fiquei bebendo no posto,
algumas vezes, após sairmos à meia-noite, com Helder (contrariado, louco para
ir embora, hehehehe), Tati, Rita, Gustavo Affonso e o velho Alex Alves, novato
na época.
Em 2012, apenas o Alessandro
Pedroso, o Felipe, a Gi (que voltou após pouco tempo fora), o Helder, a Tati e
o Jean eram mais antigos que eu na loja. A partir daí, promovido a vendedor
talento, juntamente com minha companheira de “sofrimento “ Kamila Moura, entrei
de vez nos complexos procedimentos da Livraria Saraiva; recall, E.G, SIS,
saraiva.com, alocação, romaneios, notas fiscais. Fui apresentado a esse mundo
de forma assustadora, mas consegui me adaptar e me saí bem, apesar de uma caixa
perdida, notas não impressas e alguns produtos não encontrados.
Nesse mesmo ano, a galera da
Espaço Vídeo invadiu a Saraiva. Anderson Stoll (longas discussões sobre Deus e
sobre o amor), Diego Flores, o ator e músico Bruno Daitx e a Carol Lemos, a
funcionária que vi ser promovida mais rapidamente. O grande viajante Marcel Fenner
também entrou em 2012, mais ou menos junto com o Jonathan Ganguilhet. Eis que
no final do ano, tivemos outras três belas surpresas; Guilherme Maltha, professora
Helena Gastal e Diógenes Armani, autor das
melhores e mais longas apresentações da história das rapidinhas.
Depois de tantas emoções vividas
e extraordinárias pessoas no meu caminho, me demiti, há uma semana. A obrigação
me chamou. Tenho um sonho que só tem alguma chance de se tornar realidade se eu
começar o mais rápido possível a lutar por ele. Agradeço pela ajuda no recall,
na E.G, na ‘.com’. São tantas pessoas espetaculares, que eu escreveria um texto
para cada uma que foi citada aqui. Mas todos sabem o quão importantes são para
mim e o quanto vale a amizade que construímos nesses tempos trabalhando juntos.
A parceira continua! Valeu, de verdade! Nos falamos por aí. Não deixem de me
chamar para as festas e também nas horas difíceis, porque amigo serve para isso
também.
Quis o destino que o meu ídolo
Helder Moura estivesse longe no meu último dia, mas valeu pela lembrança no
facebook e pelo celular, assim como a Marcela, que compartilhou a recordação do
início da nossa amizade e a Gi, que me emocionou com uma belíssima mensagem de
“despedida”. Vou lembrar para sempre dos inúmeros abraços da Tati no meu último
dia, da expectativa que eu tinha a respeito dela que acabou totalmente
superada, do sentimento e da minha gratidão que voltava para mim através dos
olhos dela.
Os meus dois anos e nove meses na Saraiva são a
prova de que as orações da minha mãe são ouvidas por Deus, pois ela sempre
pede para que somente pessoas boas
passem pela minha vida.
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